Ave Maria

"Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém."

Esta é a forma latina e atual dessa importante oração cristã, que não difere muito da antiga fórmula, exceto pelo acréscimo de uma parte. Vamos, pois estudar esta reza e o que ela tem a nos ensinar.

Primeiramente levemos em conta que esta oração é dividida em duas partes: a primeira ("Ave Maria...") é uma exaltação à Virgem baseada nas escrituras, afinal, não se pode fazer um pedido sem se devotar, e muito menos sem reverenciar. A segunda parte ("Santa Maria...") é o pedido em si, é onde os devotos pedem pelo intermédio da Virgem e pela sua acolhida após a morte. Como podemos ver, a exaltação e o pedido são essenciais numa oração, e a exaltação sempre precede o pedido.

Esta oração também contempla o aspecto tríplice da Virgem Maria, que é Filha de Deus Pai, Esposa do Espírito Santo e Mãe de Cristo. A expressão "o Senhor é convosco" exalta a Virgem como filha de Deus; a expressão "bendita sois vós entre as mulheres" exalta a Virgem como esposa de Deus; a expressão "bendito é o fruto do vosso ventre" exalta a Virgem como mãe de Deus.
Podemos ainda ver essa fórmula como referente ao macro e ao micro, pois "o Senhor é convosco" se refere à graça de Deus, que sob ela nos encontramos, enquanto "bendito é o fruto do vosso ventre" se refere ao Deus latente em cada um de nós. A expressão "bendita sois vós entre as mulheres" ainda pode contemplar Deus num sentido nem macro nem micro, mas sim de "igual proporção".

A segunda parte da oração começa contemplando a Virgem como Mãe de Deus (Theotokos), título pela qual é mais conhecida e dá à ela um aspecto mais glorioso, já que ela carrega o mundo em seu ventre. A expressão "rogai por nós pecadores" relembra o aspecto de intercessora e corredentora da Virgem Maria, já que ela é o véu que precede a verdade, a lua que reflete o sol, Yesod que nos leva até Tiferet.
A seguir se clama "agora e na hora de nossa morte", como um adendo a expressão anterior. Nesse modo se pede a intercessão da Virgem no momento presente, por motivos óbvios, e também para que ela esteja conosco em nossa morte, que é o momento em que nos livramos da prisão carnal e ingressamos no desconhecido, pedimos, pois, a intercessão dela para que nos leve até Cristo e nos proteja das tribulações do mundo espiritual. A morte era ainda mais imprevisível durante a Idade Média, por isso tratava-se de pedir sempre aos santos a proteção na hora da morte, principalmente à Virgem Maria, que também é venerada na piedade popular como Nossa Senhora da Boa Morte.



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