A Árvore das Virtudes

O caminho das virtudes não é para nos tornarmos religiosos alienados e obedientes, mas sim para dominar nossos instintos mais primitivos, desenvolver o autocontrole e trazer a razão acima dos nossos falsos desejos. Se não conseguimos controlar nem a nós mesmos, como vamos controlar as coisas a nossa volta?

Aqui mostramos um esquema da Árvore da Vida baseado nas virtudes: As Quatro Virtudes Cardeais formando o quartenário de Malkuth, as Sete Virtudes Celestiais, formando a Face Inferior (em púrpura) e as Três Virtudes Teologais formando a Face Superior (em azul).
Quem não entende de Cabala pode ficar perdido, mas, resumindo, cada esfera representa uma sefira (sefirot, no plural), que são emanações da Criação Divina, cada uma carregada com um mistério diferente. No nível mais baixo está Malkuth, nossa mundo da causalidade. No nível intermediário está o mistério setenário, os Sete Espíritos de Deus ou os Sete Arcanjos (de acordo com a tradição ortodoxa). No nível mais alto se encontra a Trindade Divina com Keter, Hokmah e Binah.

Não nos convém discutir o significado das sefirot aos olhos tradicionais da Cabala, mas sim focarmos nas virtudes que cada sefira representa e o seu respectivo significado. Cada conjunto de virtudes possui um nível hierárquico diferente no qual devemos alcançar gradativamente.

Virtudes Cardeais

São as virtudes iniciais de todos os que desejam ingressar na via cardíaca. São as virtudes mais fáceis e básicas para se praticar no cotidiano e na vida mundana, por isso é associado à Malkuth (a vida terrena) e aos quatro elementos. Tomás de Aquino a classificava exatamente como virtudes representantes de nosso mundo das consequências, portanto possuem um valor bem definido para a boa convivência na sociedade humana.
Justiça (Iustitia) (fogo): procurar sempre zelar pela igualdade e se indignar perante as maldades do mundo. O adepto deve ser manso e humilde de coração, mas isso não significa que deve se ater das responsabilidades sociais e nem tampouco fechar os olhos perante as injustiças.
Fortaleza (Fortitudo) (terra): manter-se firme perante qualquer dificuldade. Não podemos deixar nada abalar a firmeza de nossas convicções e de nossa fé.
Prudência (Sapientia) (ar): ter consciência de seus atos e premeditá-los com sabedoria. Nossos atos e até nossas palavras têm poder, devemos tomar cuidado com o que dizemos e fazemos, peneirar nossas palavras.
Temperança (Temperantia) (água): buscar a moderação e o equilíbrio, evitar os instintos mundanos que afastam o adepto da retidão. A Temperança como Virtude Cardeal possui um sentido mais leve do que a Temperança das Virtudes Celestiais.

Virtudes Celestiais

São as virtudes que nos levam ao caminho da perfeição e do equilíbrio da alma, quando o adepto busca largar sua vida mundana e deseja trabalhar seu espírito com maior perseverança. As Virtudes Celestiais servem para combater os Pecados Capitais, que podem ser combatidos através da Estrela Setenária.
Humildade (Humilitas): combate o orgulho e a ira.
Paciência (Patientia): combate a ira e a gula.
Temperança (Temperantia): combate a gula e a avareza.
Magnanimidade (Humanitas): combate a avareza e a preguiça.
Diligência (Industria): combate a preguiça e a inveja.
Caridade (Caritas): combate a inveja e a luxúria.
Castidade (Castitas): combate a luxúria e o orgulho.

Virtudes Teologiais

São as mais elevadas virtudes que elevam o adepto à perfeição, por isso são em número de três (o número do Divino). Representam uma vida espiritual estável e inabalável. Uma não pode existir sem a outra, pois cada uma se completa, assim como a Santíssima Trindade.
Fé (Fides): é a devoção que se tem de Deus e a busca da Centelha Divina em nós mesmos. Seu símbolo é a cruz.
Amor (Amor): (também associado à caridade) é o perfeito sentimento de amar o próximo como a nós mesmos, um amor incondicional, o "ágape". Seu símbolo é o coração.
Esperança (Spes): é ter a plena convicção de seu caminho, não duvidar e persistir no mais elevado. Seu símbolo é a âncora, pois com a esperança o adepto fica "ancorado" no caminho da fé e do amor.

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